*Por Dudu Franco
Lembre-se: seja o que for que você disser sobre o assunto, e por absurdo que seja, algum eminente economista já o terá dito antes.
Uma questão que parece não sair de modo nunca é a necessidade da indústria brasileira pelo aumento das barreiras de importação. Do setor vinícola, passando pelo setor calçadista até as grandes empresas de telefonia móvel, todos querem mais impostos para produtos importados. As desculpas são várias: desemprego, baixa qualidade dos importados e, até mesmo, manutenção da competitividade da indústria nacional.O tema é um prato cheio para os nacionalistas, para os sindicalistas e para o empresariado. Tudo em nome do bem comum.
Foi Ned Luddquem deu início ao debate sobre as implicações da modernização dos meios de produção e os efeitos de sua filosofia são sentidos até hoje. Ludd e os ludistas, assim vieram a ser chamados, começaram um movimento que tinha como finalidade destruir as máquinas que vinham automatizando o sistema de produção, em plena revolução industrial.
Os ludistas originais mergulhados no imediatismo não tiveram capacidade de, e é compreensível para seu tempo, perceber aquilo que não vê: a) os produtos estavam ficando mais baratos, valorizando o dinheiro dos consumidores; b) novos mercados vinham surgindo e esse excesso de mão-de-obra poderia ser reempregada bastando apenas alguma adequação.
Os ludistas atuais, mergulhados no mesmo imediatismo, expandiram seu ódio irracional para os produtos importados. Agora não se combate somente a modernização dos meios de produção, mas também a entrada de novos competidores no mercado.
Até então temos um cenário normal: pessoas agindo de forma a aumentar seu nível de conforto. O problema escondido aqui é o fato de os consumidores, que em sua grande parte são os mesmos operários, estarem bancando os custos da manutenção desse novo nível de conforto.
Qual é a chance uma empresa que vende seus produtos mais caros que a concorrência se manter no mercado oferecendo um produto de qualidade igual ou inferior? Se você disse que nenhuma, você errou. “Os consumidores sempre terão a opção de comprar de uma empresa que vende por preços menores” você deve estar pensando. E você esta certo. O problema é que os empresários, ditos capitalistas, resolvem recorrer à única instituição que tem o poder de, compulsoriamente, influenciar nas decisões das pessoas: o Estado. Isso mesmo! Os capitalistas derrubando o próprio capitalismo! E na maioria das vezes eles conseguem.
Followthe Money ou, em português, “siga o dinheiro” é a expressão que melhor explica esse trade-off entre interesses de consumidores e empresários.
A “indústria” dos sindicatos interessada em manter ou aumentar a quantidade de funcionários para, assim, manter seu faturamento. Os empresários, organizados em forma de cartel, interessados em manter a concorrência baixa e os preços altos. E, não poderiam faltar, os políticos interessados somente nos votos das próximas eleições. É disso que precisamos e mais algumas palavras vazias e de sentido vago, tais como prática predatória, concorrência desleal, proteção à indústria nacional e voilà: temos um país próspero e os trabalhadores podem dormir em paz.
E qual a consequência disso tudo? A primeira e mais notável é o aumento do custo de vida ou do custo Brasil. Outra que demora um pouco mais para aparecer e reflete, também, sobre o custo de vida dos brasileiros é a baixa produtividade da indústria: as empresas menos competitivas preferem se aproveitar dessas medidas paternalistas a concorrer com o mercado externo, adiando assim a solução de problemas internos e estruturais que poderiam nos levar a um novo patamar de produtividade.
Toda e qualquer ação que vise proteger a competição, acaba se tornando uma medida para proteger os competidores!
A alternativa ao status quoé apontada pelos próprios empresários na forma de queixa: muitas empresas podem importar quase todo o material e montar os produtos aqui. Elas vão comercializar os produtos aqui, e com preços menores.E a ideia é exatamente essa!
O que acontece quando não existem impostos sobre tributação? Como podemos ver aqui, com o perdão da repetição, os preços ao consumidor caem.
Mas e o governo não sabe que o povo todo se beneficia do livre comércio entre países? Sabe. Tanto sabe que ao mesmo tempo em que aumenta os impostos sobre importações de diversos países, ele diminui ou elimina os impostos sobre os países mais pobres. A intenção é clara: melhorar a vida dos mais pobres! A contradição é: se é válido para os países pobres por que não seria para os brasileiros pobres?
Fazendo uma junção do que disseram os clássicos Jean B. Say e David Ricardo, se cada país se especializar em suas vantagens comparativas, a produção desses bens gerará, através do aumento de renda, uma demanda por bens antes não demandados. Ou seja, no estado natural da economia, dinâmica que é, alguns mercados podem sumir e outros vão surgir em seu lugar. Não podemos deixar que os capitalistas arruínem o capitalismo! A única forma moral e eticamente aceitável de fazer isso é retirar a intervenção estatal da economia.