Por: Fabrício Sanfelice.
O que consegue ser mais absurdo do que uma comissão chamada “Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio” que trabalha e dirige as suas ações justamente contra o desenvolvimento econômico, industria e o comércio?Provavelmente apenas um país que têm como lema do governo “pátria educadora” e age na contramão da educação.O modo de governar dos políticos brasileiros vão sempre contra a lógica, e isso não é de hoje.Ao promulgar um projeto desse tipo, o que se vê é a possível proteção da industria nacional, das empresas diretamente interessadas em uma regulamentação do setor para proibir a entrada de concorrentes que produzem um material de melhor qualidade e mais barato.O que não se vê é a quem o governo deveria servir. Ao ver tais medidas muitos podem pensar: “ah, mas estão protegendo o emprego de quem é daqui, as empresas daqui.”Pode parecer o pensamento correto, mas vamos tirar essa lógica da indústria de livros e levar para a indústria de eletrônicos. A Apple e a Samsung produzem produtos de primeira linha, mais especificamente, produtos de alta tecnologia ligada a área de telecomunicações. Se achamos que faz sentido a lógica aplicada na industria de impressão, então também faria para a industria da tecnologia. Obrigaríamos assim todos os brasileiros a comprarem um Iphone, mas não o da Apple, o da Gradiente. Tudo isso em favor da indústria nacional.
O que os protetores da dita “Indústria Nacional” não conseguem enxergar é que quem sai prejudicado quando medidas como a trazida na reportagem são tomadas, são os consumidores.
É de uma cara de pau absurda nos auto proclamarmos “pátria educadora” quando uma comissão aprova um projeto que apenas eleva os preços e prejudica o consumidor, que deveria estar tendo facilidades para adquirir educação, e não empecilhos.
Quando a indústria nacional não consegue produzir determinado bem ou serviço com qualidade e preço competitivo ela deve ser extinta pelo próprio mercado, e não premiada pelo governo com uma medida protetiva que apenas cria monopólios de empresas protegidos pela ação do próprio governo.
Outro ponto que vem a tona é justamente a lógica dos outros empreendedores ao verem tal medida. O lógico seríamos todos lutarmos pelo fim de privilégios a qualquer setor econômico, porém, com um estado inflado e cheio de favores a serem trocados, o que ocorre é uma corrida do ouro, com cada setor da indústria comprando legisladores para que esses possam defender o seu ganha pão.
Bastiat ainda no século XVIII tratou sobre o tema em um escrito chamado “Os dois machados”. Já utilizei esse mesmo trecho em um outro artigo e aqui trago novamente o resumo da passagem. O texto é redigido em forma de uma carta de um carpinteiro para um ministro francês. A carta fala sobre uma decisão do governo francês de impedir a importação de tecidos da Bélgica, a fim de favorecer e proteger o comércio e os lucros locais. O carpinteiro explica que, se o tecido belga era de melhor qualidade e mais barato que o francês, todos os cidadãos franceses prefeririam esse tecido, pois poderiam comprá-lo e ainda sobraria dinheiro para alocar em outras necessidades, diminuindo assim a sua necessidade de trabalhar mais para ter a mesma demanda suprida. Logo após, o carpinteiro explica que o seu trabalho de nada difere de uma fábrica de tecidos e que, por esse motivo, o seu labor necessita da mesma proteção. Desse modo, pede ao ministro que proíba a importação e a venda de machados afiados, pois com eles o seu trabalho é executado com maior eficiência e menos esforço, o que diminui o preço pago pela mão de obra e, consequentemente o seu lucro.
Quem mais perde com essa medida são os consumidores, que acabam tendo de se curvar perante a ineficiência do setor de impressão brasileiro. Sendo negado a nós, consumidores, o direito de adquirir uma material de melhor qualidade e com preço mais competitivo.
Porém, infelizmente, ainda somos obrigados a convivermos com a lógica retrograda e ilógica dos nossos legisladores que, imaginando proteger o mercado e os empregos, dificultam a vida dos trabalhadores e consumidores brasileiros.