Nessa quarta-feira, o professor Diomar Konrad publicou no Diário de Santa Maria uma coluna intitulada “Neoliberalismo na prática”. Seu texto inicia com uma abordagem histórica do liberalismo, e em sequência ele explica como o plano não deu certo e o sistema resultou em crise.

Em 1800, a expectativa de vida mundial era de 25 anos, as condições de saúde e higiene eram péssimas e 90% da população mundial vivia na miséria. A maioria trabalhava no campo, em uma sucessão de doenças, fome, penúria e morte. Após dois séculos de capitalismo, a riqueza no mundo aumentou exponencialmente. A expectativa de vida subiu para 66 anos, a população cresceu sete vezes, e a renda por habitante cresceu mais de 15. Nesse ano, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de miséria caiu para menos de 10%, algo completamente inimaginável há duzentos anos. Graças ao capitalismo, ao aumento da produtividade e à livre-concorrência, as massas passaram a desfrutar de um aumento contínuo no seu padrão de vida e bem-estar. Isso significa, é claro, não dar certo. E os países cujo crescimento foi nulo ou pequeno, como o Brasil, foram justamente aqueles que apostaram no intervencionismo estatal e não adotaram políticas de livre-mercado.

Diomar prossegue em sua análise dizendo que agora os neoliberais defendem o estado mínimo, incluindo a venda de estatais, desde que o papel regule as crises e “proteja aqueles que as provocaram”. Isso não é verdade. As crises econômicas, em sua maioria, são provocadas por políticas de emissão de crédito desenfreado e uma aliança promíscua entre o Banco Central e os grandes bancos privados, sendo uma consequência drástica da intervenção governamental no setor financeiro. Nós não defendemos que o Estado e os bancos criem bolhas econômicas ao criar e emprestar dinheiro sem lastro ou que o governo salve corporações nos momentos de crise. Na verdade, sequer defendemos a existência de bancos centrais.

Porém, ele acerta quando diz que os liberais querem a venda de empresas públicas. Mais delas significam mais poder e dinheiro na mão dos burocratas, o que não é algo muito sensato. No pesadelo neoliberal, o Estado fica sem dinheiro por causa da venda de estatais lucrativas. Um exemplo é a Petrobrás, que teve um prejuízo de quase 4 bilhões de reais no 3º trimestre de 2015. Porém, o professor não precisa se preocupar com isso, pois a maior parte das receitas do governo não provém lucros, mas de tributos – e sempre que o povo estiver com mais dinheiro que o governo, os políticos criarão mais impostos e taxas para inverterem a situação em seu benefício próprio.

Qual a consequência do neoliberalismo? O empobrecimento contínuo da maioria da população, como se pode observar na Suíça ou em Hong Kong. As pessoas ficam sem saúde e educação, dado que apenas um trilhão de reais não é o suficiente para o fornecimento público desses serviços. Muitas não têm dinheiro para pagar o sistema privado, pois o governo diminui o seu poder de compra com impostos sobre a renda, o consumo e o lucro. Além disso, ele dificulta enormemente a concorrência e a abertura de novas empresas, por meio um uma burocracia enorme e um número gigantesco de regulamentações, leis, regras e decretos que estrangulam os empreendedores e impedem o investimento. Atualmente, o país vive um dos piores momentos econômicos de sua história, resultado do crescimento do estado, asfixia do setor privado e anos de políticas públicas intervencionistas na economia. Mas a única causa para isso, é claro, é o neoliberalismo. O que quer que essa palavra signifique.

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