Nesse último sábado, dia 22 de outubro, aconteceu em São Paulo o 3º Fórum Democracia e Liberdade, promovido pelo instituto de formação de líderes de São Paulo, uma instituição extremamente alinhada com os valores liberais. O evento tomou maior notoriedade após um vídeo promocional que pode ser considerada uma verdadeira obra de arte e uma chinelada bem dada em amantes do autoritarismo.

O vídeo mostra diversas figuras autoritárias, como Che Guevara e Stalin, e põe entre elas Jair Bolsonaro – nada mais justo. Após esse vídeo, que criou um rage generalizado nos bolsominions (seres quase acéfalos que nutrem um tesão especial pela figura do estado e do Bolsonaro), a assessoria do deputado solicitou um direito de resposta, o que levou a organização do evento a convidar o deputado para um painel de debates entre a Senadora Ana Amélia Lemos e o candidato à prefeitura de Porto Alegre, Fábio Ostermann.

Nada mais justo. Bolsonaro é capaz de representar tudo que há de ruim no cenário político brasileiro, à exceção de não haver AINDA um escândalo de corrupção diretamente vinculado a ele. É uma figura tão retrógrada e grotesca que leva até os libertários mais convictos preferirem a volta de Lula ou de algum político de esquerda a sequer cogitar a presença dele na corrida presidencial de 2018.

Mas o que venho falar aqui é um pouco do que eu pude presenciar e sentir no evento.

Já vi dezenas de vídeos e entrevistas do Jair Bolsonaro, sempre com as suas opiniões polêmicas, sem qualquer embasamento teórico e absurdamente totalitárias, como quando venerou o torturador Coronel Ustra, ou, como o próprio vídeo do evento mostra, onde diz que a ditadura militar matou pouco. O que eu não havia visto ainda era ele ao vivo e a sua capacidade quase notória de utilizar o espaço que lhe foi dado no debate para apenas reafirmar quão errôneas são as suas convicções e como, de maneira alguma, Bolsonaro pode ser um possível aliado.

O que foi visto durante todo o debate foi apenas uma esquiva quase perfeita de dar qualquer resposta pontual sobre os temas propostos.

Pego aqui os “melhores momentos” destacados pelo Fábio Ostermann e que explicitam exatamente a mesma impressão que tive do meme chamado Bolsonaro:


– A já tradicional defesa da ditadura militar e de um de seus maiores torturadores – Coronel Brilhante Ustra, que teve seu nome vergonhosamente repetido em coro pelos seguidores ensandecidos de Bolsonaro. Absolutamente vergonhoso!


– Comparação do fechamento do congresso pelo AI-5 com o suposto “fechamento do congresso” hoje em dia devido ao fato de existirem medidas provisórias em vigor há mais do que o tempo regimental de 60 dias. Senso de proporção mandou um abraço!


– Proposta de militarização das escolas como uma solução para o problema educacional do Brasil.


– A explicação sobre a sua mudança de opinião a respeito da PEC 241, deixando claro que isso só ocorreu porque ele buscou barganhar com Temer por vantagens específicas para o seu eleitorado mais forte, os militares da ativa e da reserva (ou seja, zero convicção no valor intrínseco da austeridade fiscal – no que recebeu uma bela cutucada de Ana Amélia).


– A forma infantil e descortês como sua claque aplaudia cada frase por ele proferida e vaiava praticamente todas as minhas manifestações, além de proferir com frequência xingamentos no mínimo curiosos a mim posteriormente relatados por pessoas presentes – de “Freixo” (?), “Comunista” e “Criminoso”(???!) para baixo… (desnecessário dizer que o “exército de bolsominions” foi embora do evento logo ao fim desse painel, provavelmente para não correr o risco de ouvir mais ideias liberais e ter que refletir a respeito de suas visões de verve autoritária). Realmente me impressionou o fanatismo e o autoritarismo dos seus seguidores.

Confesso que me assustei com o que vi e ouvi no durante o congresso. A trupe de acéfalos que batia palma e brandava “mito, mito, mito” cada vez que o Bolsonaro se pronunciava é uma vergonha e pode, facilmente, ser comparada às pessoas que louvam o Lula e a Dilma. Muda-se o palhaço e a plateia, mas o espetáculo continua o mesmo.

Enfim, bolsonismo é doença. Bolsonismo é a capacidade de louvar um louco como se fosse um Deus, ao ponto de seus seguidores se referirem a ele como “Mito” (com letra maiúscula mesmo). Assemelha-se claramente ao coletivismo da esquerda. Bolsonismo é uma doença. Ataca o corpo e destrói pouco a pouco os neurônios, retirando a capacidade das pessoas de pensar individualmente e apenas as fazendo adotar o comportamento de manada, onde corre-se para o lado que o resto da boiada gritante vai, sem ter qualquer noção se o destino é um desfiladeiro ou o pasto.

Os liberais não podem cair no conto de se unir ao conservadorismo autoritário de fantoches como o deputado para derrotar a esquerda. Foi a aliança com conservadores desta estirpe que criou toda a repressão e controle social que lutamos para nos livrar até hoje.

Ao fim tive a certeza do que já desconfiava, Bolsonaro não é plausível, é um político a ser combatido com tanta força quanto se combate as políticas destrutivas da esquerda.

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