Por Euller Pietczaki
O que é o preço, como ele é determinado e por quê é normal os preços subirem quando ocorre uma pandemia.
Por que o tabelamento de preços por parte do governo só atrapalha o abastecimento de máscaras, álcool gel e produtos hospitalares em geral?
Já são mais de 150 mil casos confirmados de vítimas do coronavírus no mundo inteiro. A pandemia que cresce exponencialmente nos países afetados e se alastra aos ainda restantes traz consigo distorções no mercado e um grande aumento no nível de preços em máscaras, álcool em gel e produtos hospitalares em geral. Grande parte das pessoas acham que empresários donos de farmácias e hospitais se aproveitam da inevitável procura por produtos para aumentar os preços e assim maximizar amplamente seus lucros. Neste texto você aprenderá que o determinador de um preço é o mercado, que flutuações nos preços por conta de uma epidemia são normais e que a interferência governamental no mercado pode ser o maior obstáculo no combate a patologia.
Antes de discorrer sobre o assunto, é necessária a introdução de um conceito básico da economia: o sistema de preços. Preços nada mais são que uma taxa de câmbio, ou seja, um ponto de acordo entre compradores e vendedores, o qual é determinado pela oferta e demanda.
Por exemplo: se a procura por um produto cresce rapidamente e a oferta dele permanece estável, para que não ocorra um excesso de demanda (resultando em altíssima escassez), o preço daquela mercadoria tende a aumentar.
Quando ocorre uma crise mundial, seja ela provocada pelos commodities ou uma nova endemia (como o coronavírus), a tendência é que os preços relacionados a aquele setor atingido subam drasticamente até que a situação ocorrida se normalize. Se os preços não subirem, as empresas produtoras não conseguirão suprir o gargalo criado momentaneamente por meio da contratação de fornecedores extraordinários que poderão ampliar sua malha logística. Quando o governo congela ou diminui o preço de um produto contra a vontade do mercado, ele redefine artificialmente o valor do produto e desconsidera custos produtivos. Além disso, também pode ocorrer o que ocorreu especificamente no recente caso das máscaras cirúrgicas e seu encarecimento repentino. O preço das máscaras subiu vertiginosamente não somente por conta da alta da demanda, mas também deve-se considerar o fato de que a grande maioria delas é importada da China, o país que é berço do novo Covid-19 e que está com todas as suas atividades econômicas impactadas momentaneamente. Ou seja, o desabastecimento está ocorrendo não somente pela crescente demanda, mas também pela oferta menor do que a natural.
Com a apresentação do conceito do sistema de preços e da atual situação dos produtos hospitalares, é dever dos ativistas pró-liberdade desmascarar os reais impactos de projetos como o apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil ao Supremo Tribunal Federal: o congelamento dos preços dos produtos hospitalares durante a pandemia do Covid-19.
Retomando a situação da escassez de máscaras cirúrgicas, podemos estar vivenciando a pior decisão econômica desde o governo Sarney. Com o congelamento dos preços das máscaras o potencial de reinvestimento dos compradores da China diminuirá, impossibilitando que mais máscaras entrem no país. Como empresários são investidores, eles sempre buscarão a maior lucratividade possível para um montante de capital. Assim, existirá uma forte tendência a realocação de capital dos mesmos, alterando seu mix de produtos para um que não esteja sob o congelamento de preços. No fim, quanto mais a pandemia perdurar, maior será a realocação de capital por conta do congelamento e maior será o desabastecimento. Por isso que o tabelamento de preços sempre dará errado, de um lado o comprador ganha uma falsa informação sobre a escassez e de outro o vendedor se desestimula quanto a comercialização daquele produto, potencializando os impactos negativos na já prejudicada atividade econômica.
Quando ocorre uma endemia ou uma crise em algum setor da economia mundial, não há muito o que fazer sobre o aumento dos preços! É importante ter em mente que o aumento é um processo natural e que se for interferido prejudicará ainda mais a população, principalmente a mais carente. O ideal seria o governo diminuir a sua interferência, sobretudo a tributária, na cadeia dos produtos necessários e esperar que as vacinas sejam produzidas o mais rápido possível, o que agilizará o retorno de todos os preços a sua origem.
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