É muito interessante ver as pessoas pedindo por mais fiscalização e regulação. Elas creem que, através do crescimento do estado, todos os problemas serão resolvidos. É o Estatismo, uma das mais antigas crenças do mundo e que possui adeptos em vários países. O problema é que os seguidores dessa religião acreditam tanto em seus governantes e grupo de burocratas que se esquecem da própria natureza humana.

Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, já afirmava que o homem é egoísta, vaidoso e inseguro. Tal afirmação refutava a ideia dos escolásticos que viam o homem como um ser cheio de virtudes. Outros filósofos também refutaram a visão de “como o homem deveria ser”, Samuel Pufendorf (1632-1694), jurista alemão, afirmava que o homem era benevolente por interesse.

Creio não seja necessário ler Hobbes e Pufendorf para saber que o ser humano possui inúmeros defeitos e que muitas vezes procura beneficiar a si próprio, mesmo tendo que passar por cima dos outros. Muitos podem dizer que no Japão, na Alemanha, no Canadá, as pessoas não agem dessa forma. Infelizmente, só posso dizer que no Brasil elas agem assim e elas não são apenas donas de bancos, ou empresas de ônibus. Elas estão no poder, nas agências reguladoras, nas inspetorias, pois lugares como esses são compostos por indivíduos.

Um exemplo interessante é o das agências reguladoras. Estas autarquias existem para garantir a qualidade dos serviços que antes eram fornecidos pelo estado. Entretanto, é comum ver diretores dessas agências envolvidos em escândalos de corrupção, pois quase sempre são comprados por empresas que deveriam estar sendo fiscalizadas com “mais rigor”. Sem falar que é muito mais fácil comprar alguns desses diretores, fazendo com que eles impeçam outras empresas de entrar no jogo, do que concorrer com as mesmas.

Não seria mais fácil deixar o mercado livre da “regulação” estatal e deixar ele mesmo se regular? Estou certo de que, dessa forma, mais empresas poderão atuar nos setores regulados e haverá concorrência de fato. Creio que essa seja a melhor maneira de regular a qualidade do serviço, uma vez que todas as empresas não contarão mais com a proteção do estado e terão que competir entre si. No final, o indivíduo escolhe qual o serviço que mais lhe agrada, sem falar que os preços cairiam, pois as empresas tentariam fornecer um serviço bom e barato (o sonho de todo o consumidor).

Contudo, para que tudo isso ocorra, as pessoas deveriam parar de acreditar que nossos governantes são seres superiores e incorruptíveis. Assim como Hobbes e Pufendorf afirmaram, o homem é egoísta e interesseiro. Não há como mudar a natureza humana, mas Adam Smith (1723-1790) mostrou que há como todos nós ganharmos com a natureza do homem: “Assim, o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade.”.

É apenas através da mão invisível que a natureza humana pode ser benéfica para todos. O estado é necessário, mas quando o mesmo é grande demais, cria-se o que estamos vendo agora e Frédéric Bastiat nos explica muito bem o funcionamento desse gigante: “grande ficção através da qual todo mundo se esforça para viver às custas de todo mundo”. Qualquer semelhança com o Brasil é mera coincidência.

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Mateus Maciel é estudante da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ. É membro fundador do Grupo Frédéric Bastiat (EPL-UERJ), e escreve todos as segundas para o site do Clube Farroupilha.

As informações, alegações e opiniões emitidas no site do Clube Farroupilha vinculam-se tão somente a seus autores.

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