Imagine que você é o governador de um belo e rico estado com um clima árido. Imagine ainda que seu estado está à beira de uma crise energética. Duas propostas se afiguram diante de você: Admitir que o planejamento energético estatal foi ineficaz e propor a desregulamentação do setor para garantir o suprimento energético futuro ou proibir o uso de algum equipamento que gaste muita energia e culpar quem usa esse equipamento pelo problema.

Obviamente, qualquer bom político irá escolher a segunda opção e não foi diferente na Califórnia e mais 4 estados dos EUA, que baniram computadores com alto gasto de energia, afetando principalmente os PCs gamers.

A narrativa é excelente para a classe governante, transfere a culpa do péssimo e quase infantil planejamento, a Califórnia, por exemplo, aprovou uma lei que obriga o estado a ter 100% de energia renovável até 2045 sem dizer exatamente como vai realizar essa façanha, para uma outra classe sem muita representação política: os gamers.

Veja que toda essa situação não faz sentido em um livre mercado, com um setor de energia desregulamentado, se a demanda por esse recurso cresce, aumenta também o número de empresas o fornecendo.

Alguns poderiam questionar “mas e como fica a questão ambiental?”, sendo uma demanda crescente da sociedade ela provavelmente também seria atendida, talvez de início com métodos não tão ideias, a exemplo da energia nuclear, de longe a melhor em custo benefício (uma pequena cápsula de urânio produz o equivalente a queima de toneladas de carvão), mas com a desvantagem de produzir um resíduo perigoso, apesar de em pequena quantidade. 

Todavia, com o barateamento crescente dos painéis solares, também provindo da demanda de indivíduos e empresas por uma fonte limpa e prática, eles, sem dúvida, teriam seu uso aumentado em um ritmo que não tornaria necessário a redução do conforto e da qualidade de vida para tal.

Na realidade, em muitas regiões de clima ensolarado, como o nordeste brasileiro, eles já são a opção mais economicamente viável e só não são amplamente utilizados devido aos altos impostos que tornam seu preço inicial proibitivo, apesar de o equipamento “se pagar” no longo prazo.

Assim, o problema não está na nobre intenção da Califórnia e outros de produzir energia limpa, mas sim na tentativa de delegar essa tarefa ao estado, pois como já diria o grande economista Milton Friedman “Se colocarem o governo para administrar o deserto do Saara, em cinco anos faltará areia.”

(In)felizmente essa máxima de Friedman nunca falha e provavelmente a nova lei será ineficaz, já que proíbe a compra desses computadores, mas não de suas peças separadamente, dessa forma, no fim das contas apenas dificulta um pouco a vida do consumidor.

O que realmente assusta nessa lei é a mentalidade por trás dela, a qual tem se espalhado muito: vale a pena diminuir nossa qualidade de vida para “salvar o planeta”. Um pensamento como esse torna fácil advogar pelo banimento de ar condicionados, televisores e fritadeiras elétricas, afinal nenhum desses é essencial e sem eles economizaríamos muita energia. 

Mas a rivalidade entre meio ambiente e conforto é ilusória, pois nosso avanço científico naturalmente traz alternativas de preservação, o petróleo surgiu como uma alternativa para o óleo de baleia, que, para sua obtenção, promovia uma caça predatória desses mamíferos, atualmente, as termelétricas estavam causando sérios danos ambientais, então a energia nuclear e os painéis solares começaram a ser aprimorados. O mesmo é válido para a pecuária, que agora é vista como a principal responsável pelo aquecimento global, então estão sendo desenvolvidas promissoras iniciativas de produção de carne em laboratório, mediante mitoses de poucas células do ombro de uma vaca.

Se nas condições atuais vemos esses avanços tão fantásticos, imagine o que poderia ser feito com um mercado mais livre e se algumas pessoas parassem de doar para certas organizações políticas as quais fingem defender a causa ambiental para ganhar poder e colocassem esse dinheiro em projetos de pesquisa que de fato sejam capazes de “salvar o planeta” sem acabar com nosso conforto.

Notas e Referências

1 https://olhardigital.com.br/2021/07/28/games-e-consoles/pcs-gamers-sao-banidos-de-cinco-estados-dos-eua-por-consumir-muita-energia/#:~:text=PCs%20gamers%20s%C3%A3o%20banidos%20de%20cinco%20estados%20dos%20EUA%20por%20consumir%20muita%20energia,-Por%20Kaique%20Lima&text=Os%20PCs%20gamers%20da%20empresa,dos%20EUA%2C%20incluindo%20a%20Calif%C3%B3rnia.

2 https://www.istoedinheiro.com.br/california-se-compromete-a-produzir-100-de-energia-limpa-ate-2045-2/

3 https://www.portaldbo.com.br/barateamento-de-paineis-de-energia-solar-favorece-projetos-hidraulicos-em-fazendas/

https://agencia.fapesp.br/material-sintetizado-em-laboratorio-pode-baratear-energia-solar/32494/

4 https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Pesquisa-e-Tecnologia/noticia/2021/02/feita-de-celulas-e-sem-matar-animais-carne-de-laboratorio-promete-revolucao-na-pecuaria.html

5 Aqui não me refiro a algumas ONGs, que de fato fazem um trabalho importante e visível, mas principalmente a algumas organizações como os muitos “partidos verdes” mundo afora, os quais por vezes se usam de alarmismo ambiental para ganhar poder.

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