Rothbard inicia tentando mostrar o que o estado não é. Quando é ensinado que “nós somos o governo”, intuitivamente, passamos a enxergá-lo de forma mais justa. O termo “nós” é extremamente útil para promover um senso de justiça.
Mas, se o estado não somos nós, o que ele é? O autor o define como uma organização social que visa a manter o monopólio do uso da força e da violência em uma determinada área territorial, especificamente. Para o autor da obra, o estado é a única organização da sociedade que não obtém sua receita pela contribuição voluntária ou pelo pagamento de serviços fornecidos, mas pela sua coerção. Portanto, a população e as instituições possuem rendimento por meio do trabalho e da produção, diferentemente do estado, que o “conquista” por meio da força, armas, leis e prisão. Uma vez estabelecido o estado, o problema do grupo ou “casta” dominante passa a ser o de como manter o seu domínio. Embora o seu modus operandi seja o da força, o problema básico e de longo prazo é ideológico. Pois para continuar no poder, qualquer governo (não simplesmente um governo “democrático”) tem de ter o apoio da maioria dos seus súditos. E esse apoio, vale observar, não precisa ser um entusiasmo ativo; pode bem ser uma resignação passiva, como se se tratasse de uma lei inevitável da natureza. Mas tem de haver apoio no sentido de algum tipo de aceitação; caso contrário, a minoria formada pelos governantes estatais seria em última instância sobrepujada pela resistência ativa da maioria do público.
Segundo o sociólogo alemão Franz Oppenheimer, há duas maneiras de se adquirir riqueza: o meio econômico e o meio político. No meio econômico, cidadãos de bem e honestos convertem seus recursos disponíveis em algo de sua propriedade, e mais tardar trocam essa sua propriedade com a de outro indivíduo que fez o mesmo processo, sendo assim ambos saem ganhando da melhor maneira possível: o livre mercado.
Já o meio político se dá ao confisco da propriedade do outro indivíduo utilizando a violência e a ‘obrigatoriedade.’ assim fica fácil enriquecer às custas dos outros não é mesmo? Esse desvio de produção e incentivo não se preocupa com investimentos e nem com a subtração da produção, por isso é tido como parasita em uma sociedade.
O Caminho da Servidão, Hayek
Falando sobre o livro “O Caminho da Servidão” escrito pelo renomado economista austríaco Friedrich August von Hayek, é notável como o livro nos faz refletir sobre aspectos políticos interessantes e muito atuais, apesar do livro já ter quase 80 anos de lançamento (1944). As pessoas seguem cometendo os mesmos erros fazendo com que os piores cheguem ao poder mantendo o padrão de muitos e muitos anos de amnésia política.
Mas então, por que os piores chegam ao poder?
No mesmo livro, capítulo 10, Hayek cita três razões pelas quais os piores conseguem alcançar altos cargos na política, independente do tipo de governo. A primeira razão diz respeito ao senso crítico, inteligência e moral de uma determinada parcela de indivíduos. Quanto menor o grau de inteligência e instrução, menos críticas as pessoas serão e pensarão de maneira mais uniforme.
“Quanto mais elevada a educação e a inteligência dos indivíduos, tanto mais se diferenciam os seus gostos e opiniões e menor é a possibilidade de concordarem sobre determinada hierarquia de valores. Se quisermos encontrar um alto grau de uniformidade e semelhança de pontos de vista, teremos de descer às camadas em que os padrões morais e intelectuais são inferiores e prevalecem os instintos mais primitivos e “comuns”’
A segunda razão menciona os que são facilmente manipuláveis, dóceis e pouco convictos de suas opiniões e valores, ficando assim fácil acreditar em valores já existentes e que a maioria irá concordar. “Aqueles cujas ideias vagas e imperfeitas se deixam influenciar com facilidade, cujas paixões e emoções não é difícil despertar, que engrossarão as fileiras do partido totalitário”.
Já a terceira e mais importante razão é o ato natural do ser humano de se reunir em prol de ir contra algo negativo, e não positivo, ser movido pelo ódio e inveja perante seu diferente ele irá se juntar com outros indivíduos que compartilham tal opinião sobre aquilo.
Juntando estas três razões, não é difícil associar com cenário político brasileiro desde os seus primórdios e atualmente a polarização populista que assola um novo período de eleição com tais razões.
Para terminar, deixamos uma frase do economista americano Thomas Sowell que diz:
“O fato de tantos políticos de sucesso serem mentirosos tão desavergonhados não é apenas um reflexo sobre eles, é também um reflexo sobre nós. Quando as pessoas querem o impossível, apenas os mentirosos podem satisfazê-las, e apenas no curto prazo”.
Sejam críticos, não aceitem algo só porque a grande massa acha certo ou ‘politicamente correto’. Hayek diz que a liberdade e a responsabilidade são inseparáveis, então sejamos responsáveis por um futuro melhor. Como diria Thomas Jefferson: O preço da liberdade é a eterna vigilância.