leia a notícia em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/09/brasil-e-economia-mais-fechada-entre-paises-do-g20-mostra-estudo.html


Semana passada a Câmara de Comércio Internacional revelou em estudo feito com os países do G20 que o Brasil é a economia mais fechada dentre os países do bloco. Conseguimos a gloriosa façanha de perder pra Argentina e a Índia, por exemplo.

Infelizmente isso não é nada surpreendente em se tratando de Brasil e do que pensam economistas consagrados como Gonzaga Beluzzo, Bresser-Pereira e afins (todos eles com forte fluxo e influência nas decisões em Brasília).

A sanha protecionista por aqui, como dito, não é de hoje. No início dos anos 80 Mario Henrique Simonsen já falava que o Brasil protegeu tanto a nossa eterna indústria infante que se criara uma “lógica protecionista” em nossa economia.

Ou seja, um pensamento em que os empresários só conseguem competir se o câmbio estiver desvalorizado, se as tarifas de importação estiverem ativas e se os subsídios para exportar forem os maiores.

Esse apadrinhamento estatal gerou naquela época (e agora também) uma pequena e influente classe empresarial apaniguada com estado e protegida do processo de mercado capitalista. Tudo isso – dito – em prol da produção e do emprego (incluindo os deles) e em detrimento de nós consumidores.

Esse pensamento resultou em um país em que a indústria patina no já obsoleto paradigma metal-mecânico, sequer possui plantas industriais do atual paradigma microeletrônico e nem imagina saber o que é o paradigma da biotecnologia e nanotecnologia.

Esse modelo protecionista resultou em um país com baixa dinâmica industrial e que faz produtos que poucos querem comprar. Isso explica porque o Brasil possui ínfimos 1% de participação de nossos produtos no comércio internacional.

Além disso, o protecionismo estatal “reprimarizou” a nossa economia. Vivemos de vender commodities agrícolas e minerais ao mundo em detrimento de comprarmos os produtos da fronteira tecnológica e de maior valor agregado.

Em suma – com exceção do boom das commodities da década passada – o Brasil compra caro e vende barato mesmo não sendo suficientemente rico para isso.

Fosse essa a lógica com um Real forte e apreciado e estaríamos bem. Estaríamos aproveitando as nossas vantagens comparativas. Ou seja, vendendo o que fazemos bem e comprando (barato) o que os demais países fazem melhor.

Mas como o intuito é sempre salvar a indústria, há sempre um Bresser-Pereira reclamando que o câmbio está valorizado e há sempre um livro (preferencialmente do Ha-Joon. Chang) defendendo que se o país quer competir precisa se proteger e desvalorizar sua moeda.

Nada é mais errôneo. Economia de mercado no dinâmico e globalizado mundo de hoje é competição. É a competição que faz do empresário um empreendedor. Que acende – como diz o professor Israel Kirzner – o estado de alerta no empresariado. Faz com que estes busquem inovar para competir e não inovar para fazer lobby em Brasília por proteção.

Além disso, é uma moeda forte que aumenta o poder de compra da população (beneficiando justamente os mais pobres). É a um Real valorizado que possibilita ao empresário que está, de fato, disposto a competir importar maquinário suficientemente moderno para fazer algo que de fato as pessoas queiram comprar.

O pensamento deveria ser outro. Falta coragem política para fazer e uma boa teoria econômica para se estudar no Brasil. Esse seria o primeiro passo para de fato nos tornarmos eficientes, dinâmicos e produtivos em relação ao mundo.

Do contrário, o Brasil estará condenado a ficar no ostracismo tecnológico e pagando caro para comprar daqueles que a muito tempo descobriram o caminho para inovar e se desenvolver.

Isso deveria ser o pensamento básico por aqui. Mas como dizia o saudoso Roberto Campos: – a estupidez no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor.


Felipe Rosa

*A coluna agradece ao Gabriel Larré da Silveira pela sugestão do tema.

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