São muitos os jornais, as reportagens, os filmes e documentários que retratam a figura de Paulo Reglus Neves Freire como um grande herói da Pedagogia, um pensador que humanizou o ensino no Brasil e influenciou o mundo através do movimento chamado pedagogia crítica.
Conhecido pela visão do processo educacional como uma construção conjunta entre o professor, o aluno e a sociedade, o filósofo defendia que a aprendizagem depende do diálogo de forma equitativa, considerando as visões de mundo distintas e a troca de conhecimento sem hierarquia. Para ele, o modelo educacional brasileiro consolidado no século XX não respeitava a diversidade dos alunos, negando a construção de uma visão coletiva e crítica do mundo.
Para além dos problemas da educação brasileira e dos discursos superficiais de Freire, o que está por trás, verdadeiramente, de sua teoria, é um ímpeto revolucionário inspirado pelas ideias marxistas. O autor se destacou por meio da obra “Pedagogia do Oprimido”, lançada em 1968, na qual desenvolve – a partir da teoria da luta de classes –, uma pedagogia voltada para a classe oprimida.
A teoria Freiriana, portanto, apresenta como pressuposto a lógica defasada e já refutada do anticapitalismo de Marx, a qual apontava para uma busca constante de hegemonia das classes dominantes através do capital. Aplicando esse pensamento no estudo da pedagogia, Freire entendeu que a educação – a qual ele chamou de bancária –, também é utilizada para manter uma relação de opressores e oprimidos na sociedade. Uma educação problematizadora, por sua vez, seria a responsável pela emancipação da classe oprimida dentro das escolas e universidades por meio do pensamento crítico (o entendimento da condição social de cada estudante).
Logo, o intuito principal do ensino deveria se tornar a construção de uma sociedade mais igualitária. Por isso, além de se basear em distorções acerca do sistema em que vivemos, a pedagogia crítica de Paulo Freire buscava estimular os alunos a lutarem dentro de movimentos sociais – impondo uma visão de mundo através do modelo educacional. Essas ideias, disfarçadas de um discurso humanitário sobre a comunicação e a educação não violentas, andam na contramão da diversidade, do diálogo e da liberdade dos alunos e professores.
Além disso, o filósofo e educador influenciou o surgimento de ideias que colocam o aluno como vulnerável na relação de aprendizagem, defendendo a flexibilização do modelo educacional e a destruição da hierarquia professor-aluno – relativizando o conhecimento e o processo educacional. Entretanto, o resultado da aplicação dessas ideias se mostra em gerações de jovens de diversas idades que não respeitam os professores como transmissores do conhecimento, nem seus métodos de ensino, ou seja, jovens mimados e vitimistas que se enxergam como detentores do conhecimento.
Modelos mais rígidos de educação – com horários fixos e aplicação de provas, por exemplo –, obviamente apresentam problemas que devem gerar reflexões, mas ainda são os meios mais eficazes de aprendizagem que a sociedade conhece, uma vez que contemplam os esforços dos alunos (ao estudarem para provas, ao se prepararem para trabalhos e apresentações, etc). Além disso, atualmente as relações entre professores e alunos, mesmo que através da hierarquia, desenvolveram um alto grau de troca e construção mútua dentro da sala de aula.
Todos esses pontos nos levam a uma importante conclusão: As ideias de Paulo Freire, mesmo impactando majoritariamente a educação, abrangeram, propositalmente, aspectos culturais significativos – e extremamente prejudiciais. Enquanto no mercado de trabalho a luta de classes desincentivou os trabalhadores a se esforçarem e crescerem em suas carreiras através do esforço próprio, alimentando o ódio contra os chefes e patrões, o marxismo no ambiente escolar consolidou o sentimentalismo e o vitimismo nos alunos, que os torna mimados e incapazes de lidar com desafios.
Para além do que está explícito na sociedade, é perceptível a influência de Freire nas escolas e universidades brasileiras, que reproduzem a pedagogia crítica sem qualquer reavaliação acerca de sua eficiência. O resultado disso, para além dos aspectos culturais citados, é o desincentivo ao conhecimento puro, uma aprendizagem superficial e desinteressada, onde os alunos não se esforçam para atingir boas notas e, consequentemente, para aprender os conteúdos.
Essas constatações se comprovam quando analisamos o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que divulgou, em 2019, um ranking do desempenho de 79 países na qualidade da educação: o Brasil ocupava o desastroso 60º lugar em leitura, 68º em ciências e 74º em matemática. Será que esses números não são suficientes para repensarmos as influências do nosso modelo educacional?
Enquanto nosso país continuar romantizando figuras como Paulo Freire, intitulado Patrono da Educação Brasileira, as narrativas retrógradas enraizadas na nossa cultura continuarão vencendo e favorecendo projetos de poder estatizantes da esquerda. Por isso, é fundamental o combate, dentro e fora da sala de aula, das mentiras e equívocos contrários à liberdade individual sustentados por autores como Paulo Freire, que consolidam uma mentalidade vitimista e, principalmente, anticapitalista.