A Venezuela já foi um dos países mais ricos da América Latina, suas reservas de petróleo estão entre as maiores do mundo. Surgiu do colapso da Gran Colômbia em 1930, que foi governado por caudilhos, como militares e latifundiários. Esses líderes buscavam promover o setor petrolífero, cujas reservas foram descobertas em torno de 1920.

     Desde então, entre turbulências, a Venezuela passou a ter grande parte do seu orçamento baseado nos royalties do petróleo, vindo até a ser um dos membros fundadores de uma organização de países que exportavam petróleo, a fim de dar uma política única em relação aos preços dos barris, sendo aumentando ou diminuindo a oferta. Isso já em 1959, quando houve a transição para o governo democrático. O país era baseado em uma commodity, o petróleo, sendo ele 80% das exportações.

      Os venezuelanos viram o maior crescimento econômico no início da década de 70, quando a carga tributária não chegava a 10% do PIB e resolveram privatizar o setor petrolífero. Entretanto, em 1976, houve a primeira grande crise do petróleo, que beneficiaria o Estado imensamente, caso tivesse simplesmente aproveitado a subida de 400% no preço do barril. Mas o governo venezuelano resolveu aumentar os gastos públicos, gerando mais impostos e nacionalizar as empresas petrolíferas. Nos 10 anos seguintes, sua dívida externa se multiplicou por 10. Esse foi o ponto crucial da derrocada da Venezuela. Foi aí que o país ficou fadado a se encontrar da forma que se encontra hoje.

      Hugo Chávez ascendeu ao poder nas eleições de 1998 com o discurso de transferência de renda e assistência social. Chamou uma assembléia constituinte que criou o “parlamento” venezuelano, com maioria chavista. Uma das primeiras leis passadas foi a chamada “lei habilitante”, que dava poder para o presidente legislar sobre diversos assuntos antes mesmo da apreciação pela assembleia geral. Com a revolução bolivariana em mente, ele seguiu esse caminho ano após ano, sendo reeleito nos pleitos nacionais. Até que, em 2012, não pode assumir, pois faleceu em 5 de fevereiro de 2013. Seu vice na época era Nicolás Maduro. Com grande parte do poder centralizado, crise dos preços e uma crescente nacionalização de outras indústrias não tão produtivas como a do petróleo na região, junto com uma crise política resultante de uma antecipação de eleições que a Organização dos Estados Americanos (OEA) reconheceu como fraudulentas, o apoio internacional à oposição cresceu, e a assembléia geral declarou Juan Guaidó como presidente encarregado até novas eleições.

      A crise, já há um tempo, é também humanitária, pois o conjunto de sanções internacionais e a desorganização do poder organizado nacionalizador das empresas privadas não se viu capaz de produzir até mesmo os produtos mais básicos. Venezuelanos então, oprimidos por um regime não mais democrático e falido, começam e fugir para países vizinhos, como o Brasil e a Colômbia. Os dois já não mais com viés ideológico compatível com o de maduro, frente a essa crise humanitária, se alinham a outros países e formam o Grupo de Lima. E junto com outras potências do hemisfério, começam a fazer pressão e tentar mudar o regime venezuelano. Tentando tirar Maduro, que se recusa a aceitar que perdeu. Que foi pego em flagrante.

     Maduro ainda tem o apoio de boa parte do Exército, que se beneficiava dos privilégios de ser da classe dominante em qualquer ditadura. Por isso, nos encontramos na situação em que estamos, com dois supostos “presidentes” venezuelanos. Quando na verdade existe um presidente e um ditador apegado ao poder tentando se salvar.

      O grande problema é que nunca, no mundo inteiro, se conseguiu mudar o regime de um país sem intervenção de ordem militar. O que não parece ser a vontade brasileira, nem colombiana e nem dos Estados Unidos.

      Quanto tempo esse circo vai durar? Depende. Será essa a primeira mudança de regime sem intervenção militar? Ou será que os demais envolvidos não vão aguentar ver gente morrendo de fome do lado de lá, e vão acabar se envolvendo militarmente? Essa questão, só o tempo vai responder.

 

Autor: Eduardo Zaccaro Karsburg

 

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