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*Por Mateus Maciel

O Brasil possui inúmeros ministros que são lembrados até os dias de hoje. Um deles é Antônio Delfim Netto que, além de ter ocupado inúmeros cargos importantes no governo, chefiou o Ministério da Fazenda de 1967 a 1974 (durante o governo do general Médici) e foi um dos responsáveis pelo Milagre Econômico brasileiro.

Não podemos nos esquecer do atual ministro da fazenda Guido Mantega, que ocupa o cargo desde 2006, após a saída de Antônio Palocci. Fato curioso é que Mantega também foi responsável por um milagre econômico, mas que durou menos que o arquitetado por Delfim e causou menos danos a economia do país. Quais foram as semelhanças e diferenças das políticas econômicas adotadas por cada um?

O Milagre de Delfim (1968 – 1973)

Quando o general Médici assumiu o poder, o Brasil havia passado por uma grande faxina no campo econômico. O Plano de Ação Econômica do Governo, mais conhecido como PAEG, foi capaz de tirar o Brasil de um grande coma alcoólico causado pelos governos de JK e João Goulart. Com as contas públicas em ordem, inflação controlada, salários arrochados e ambiente externo favorável, o governo militar tinha uma boa base para realizar um grande boom de crescimento econômico.

O plano elaborado por Delfim tinha como objetivo elevar o crescimento econômico através do aumento dos gastos do governo. As empresas estatais tiveram grande importância nesse plano, tendo o número destas crescido assustadoramente, como é possível ver no gráfico a seguir.

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As obras que essas empresas capitaneavam (como a Transamazônica, a usina de Itaipu, a usina nuclear de Angra e a Ponte Costa e Silva) necessitam de um grande número de trabalhadores e requeriam a participação de outros setores complementares, como o da construção civil, siderurgia e petroquímica. Dessa forma, o PIB no período cresceu a níveis recordes, uma vez que o estado passou a puxar o crescimento econômico.

Para cobrir os gatos crescentes, uma grande quantidade moeda foi emitida e o endividamento externo e interno cresceu consideravelmente. Dessa forma, a inflação e o aumento da dívida pública e externa passaram a ser problemas que viriam ser grandes pedras no caminho do desenvolvimento econômico nacional. Vale ressaltar que como os salários foram arrochados e a inflação crescia continuamente, o poder de compra dos brasileiros foi extremamente reduzido. Note, no gráfico a seguir, que ao passo que a inflação crescia o salário mínimo caia.

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Quando a Crise do Petróleo explodiu em 1973, tomar dinheiro emprestado no exterior se tornou mais caro, assim como importar combustíveis. Nesse vídeo, Delfim Netto explica a estratégia adotada pelo Brasil que se resumia em se endividar cada vez mais para poder importar gasolina dos árabes. Para ele, além dessa opção, havia a de se fazer um racionamento.

É claro que Delfim, bastante intervencionista, não cogitou em quebrar o monopólio da Petrobras (que possuía monopólio da produção de gasolina no Brasil) para que grandes empresas estrangeiras pudessem produzir gasolina em território nacional. Com isso, a dependência externa (importávamos 80% da energia que consumíamos) seria reduzida e o governo não precisaria contrair dívidas cada vez maiores.

A grande obra de crescimento de Delfim acabou por ajudar na explosão da crise da dívida externa e da inflação galopante que se seguiram até a implementação do Plano Real. O custo social dessa receita keynesiana penalizou, principalmente, os mais pobres e a classe média que tiveram seu poder de compra reduzido pela inflação do período.

O Milagre de Guido (2006 – 2010)

Guido Mantega também se formou em Economia pela Universidade de São Paulo e esteve ligado com o Partido dos Trabalhadores, tendo ocupado o cargo de ministro do planejamento e foi presidente do BNDES. Após a saída de Antônio Palocci da Fazendo, em 2006, Mantega assumiu o seu lugar. No meio econômico, o ministro tem recebido muitas críticas de economistas e da mídia que dizem que Mantega já deveria ter deixado o cargo. Ele, assim como Delfim Netto, assumiu o Ministério da Fazenda quando as contas públicas estavam saudáveis, a inflação controlada e o ambiente externo favorável.

Durante a gestão do atual ministro, o Brasil surfou numa onda de bonança, especialmente após a Crise de 2008. Como o Banco Central dos Estados Unidos (FED) reduziu a taxa de juros, levando os investidores a procurar investimentos mais rentáveis. O Brasil, cuja taxa de juros na época era muito mais atrativa que a dos países desenvolvidos, funcionou como alternativa para os investidores, até porque o país possuía uma economia relativamente saudável.

A demanda voraz por commodities por parte da China também auxiliou o Brasil a surfar essa onda. Como podemos ver no gráfico a seguir, a China passou a se tornar um dos principais destinos das exportações brasileiras, especialmente os gêneros agrícolas e minério de ferro (o que explica o sucesso da Vale nesse período). Vale ressaltar que o fenômeno BRICS é resultado dessa grande redução de juros nos países desenvolvidos e da crescente demanda chinesa por commodities.

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Voltando para o Brasil, quando os efeitos da crise americana arranharam o PIB do país, fazendo este encolher 0,3% em 2009, o governo precisava intensificar sua política  econômica para fazer o PIB crescer novamente. O plano arquitetado por Mantega e seus camaradas era algo bastante simples: estimular a economia através do consumo.

O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal passaram a conceder crédito barato e fácil para os seus correntistas. Estes passaram a comprar casas, automóveis (como auxílio da redução do IPI), eletrodomésticos (que tiveram o preço reduzindo por conta também da redução daquele imposto) e tudo que pudesse ser parcelado em várias vezes sem juros. Tudo isso fui possível por conta da redução dos juros por parte do Banco Central, que tornou o custo do endividamento menor.

Com a crescente emissão desenfreada de moeda por parte dos bancos públicos e privados, a inflação começou a subir, mas o PIB cresceu 7,5%. Um patamar chinês! Contudo, Mantega e seus amigos haviam implantado uma bomba relógio na economia brasileira com essa expansão forçada da demanda. Como a população se endividou demais, o modelo de crescimento baseado no consumo passou a perder força, o que levou a vários “pibinhos” e inflação crescente, nos anos posteriores.

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Além de ter puxado o consumo a força, o governo fez inúmeras intervenções na economia, aumentando tarifas de importação, protegeu setores considerados estratégicos, elegeu campeões nacionais através da concessão de crédito por parte do BNDES e interviu no setor bancário e energético. Não há dúvidas de que tais intervenções tenham auxiliado na composição desses pibinhos. Com isso, Mantega acabou se tornando uma representação de ineficiência a nível internacional.

Conclusão

Por mais que Mantega tenha incentivado o crescimento através do consumo e Delfim Netto através da força das estatais, ambos partilham da mesma ideologia: intervenção do estado na economia faz com que haja crescimento. Ambos acreditam que podem ser grandes coordenadores de algo que, se fosse livre das amarras estatais, seria incrivelmente mais eficiente e geraria mais riqueza para os indivíduos.

Não podemos esquecer que estes dois czares seguiam as ordens de seus governantes que, para dar respaldo aos seus respectivos governos, tiveram que fazer essas grandes lambanças econômicas. Curioso é que os militares criticavam Dilma e ela os criticava, mas ambos acreditam no intervencionismo. Enquanto os indivíduos não acreditarem na força do livre mercado, esses grandes czares, que acham que sabem o que é melhor para o seu povo, continuarão existindo e causando enormes estragos a economia do país.

Referências:

http://liberzone.com.br/por-que-os-precos-estao-surreais/

http://liberzone.com.br/como-os-bancos-publicos-estao-queimando-o-seu-dinheiro/

https://www.youtube.com/results?search_query=aula+inaugural+ibmec

http://clubefarroupilha.com/2014/01/06/o-milagre-keynesiano-brasileiro-e-o-milagre-liberal-chileno-qual-foi-o-melhor/

http://www.mises.org.br/ArticlePrint.aspx?id=1826

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