O mundo parou na madrugada da última quarta-feira. A vitória de Donald Trump chocou muita gente e transformou o cenário econômico americano em uma incerteza para os próximos anos. Contudo, o dia 9 de novembro não deveria ficar na história apenas por ter marcado a votação mais expressiva de um republicano nos colégios eleitorais desde 1988. Muito menos por conta da repetição, depois de 16 anos, da vitória democrata entre a população e a derrota entre os delegados. A liberdade falou muito alto nesse 2016.
Para começar, California, Massachusetts, Nevada e Maine aprovaram a legalização do uso de maconha recreativa. Com a medida, juntam-se à Colorado, Alaska, Oregon e Washington no rol de estados onde a cannabis já é completamente legal. O país inteiro deve seguir o passo desses estados no futuro próximo. A notícia é excelente e, além de movimentar a economia, tirará do maior sistema prisional do mundo pessoas que apenas comercializam um objeto inanimado.
Ainda no tema, Florida e North Dakota aprovaram o uso medicinal da cannabis. Somaram-se, dessa forma, aos outros 24 estados e ao Distrito de Columbia que já adotavam tal medida. Mais da metade dos estados americanos, portanto, vão desistindo gradativamente de lutar uma guerra que apenas desperdiça recursos e prende, muitas vezes, pessoas inocentes.
Não suficiente, a população de Maine recusou o aumento de burocracia sobre controle de armas. Se a proposta de exigir verificações de antecedentes antes de uma venda de arma ou transferência entre pessoas que não são negociantes licenciados tivesse sido aprovada, passaria a exigir-se também que, nos casos em que nenhuma das partes é possuidora de licença estatal, deveriam se reunir em um revendedor autorizado por lei, que então completaria uma verificação de antecedentes sobre o cessionário.
Atualmente Maine não tem uma lei estadual sobre verificações de antecedentes de vendas de armas e segue as leis federais que exigem tais checagens para todas as vendas por revendedores licenciados. E assim continuará. Mesmo que o ex-prefeito nova-iorquino Michael Bloomberg tenha investido 5.2 milhões de dólares na campanha do “sim” por meio da sua organização Everytown for Gun Safety, 51.84% da população rechaçou a ideia de que o estado interfira mais nos quesitos da Segunda Emenda.
Por sua vez, os eleitores de Oregon derrotaram, com 59.15% dos votos, uma medida que pretendia impor uma taxa de 2.5% em vendas corporativas que excedessem 25 milhões de dólares. Se aprovada, a medida tornaria o estado naquele com o maior imposto nesse tipo de venda nos Estados Unidos.
No mesmo espectro, o estado de Washington rejeitou, com 58.91% dos votos, um plano que imporia uma taxação sobre as emissões de carbono na venda ou uso de determinados combustíveis fósseis e eletricidade gerada a partir desses combustíveis, em 15 dólares por tonelada métrica de dióxido de carbono em 2017, e aumentando gradualmente para 100 dólares por tonelada métrica.
Como se não bastasse, eleitores do Colorado, Missouri e North Dakota rejeitaram propostas de aumento de taxas sobre cigarros e outros produtos derivados de tabaco. O caso mais expressivo ocorreu no último estado onde a proposta aumentaria o imposto sobre cigarros em 400%. Todos os outros produtos do tabaco, incluindo charutos, e-cigarros e produtos vaping, veriam impostos estatais dobrar de 28% do preço de compra por atacado para 56%. O resultado de 62% da população contra a iniciativa provou que independe do lugar do globo que você está: impostos nunca serão a solução.
Ademais, o Libertarian Party fez a maior votação de sua história. Com 4 milhões de votos, Gary Johnson superou a própria marca de 2012 quando teve 1.2 milhões de apoiadores nas urnas. Antes dele a liderança desse ranking era de Ed Clark que atingiu a marca de 921 mil votos em 1980. Para efeito de comparação Bob Barr terminou em 4º lugar com 530 mil em 2008. Quatro anos antes Michael Badnarik conseguiu 397 mil votos.
O que aprendemos disso tudo? A população de vários estados tirou parte do peso da máquina pública de suas costas na mesma eleição que o discurso protecionista, populista e sem resguardo econômico em suas propostas foi eleito nacionalmente.
Há uma premissa que explica o seguinte: nada pode parar uma ideia que o tempo chegou. Analogamente, nada pode parar uma ideia que – depois de um período com estatismo exacerbado – o tempo voltou. A liberdade está forte, gritante e pedindo passagem.
E não pararemos por aqui.