Muitos liberais são acusados de defender o imperialismo praticado por um grupo de nações, a partir do século XIX. Tais críticos, entretanto, não compreendem o conceito de livre mercado e imperialismo, chegando a afirmar que ambos são bastante similares. É a velha história de que o comércio é feito de perdedores e vencedores, onde, para que um ganhe, outro tem que perder. Portanto, antes de prosseguir, tentarei mostrar a diferença básica entre esses dois conceitos.

O livre mercado é feito de trocas voluntárias, onde indivíduos trocam produtos de forma bastante pacífica. O imperialismo é baseado na força dos agentes, onde o mais forte obriga o outro a realizar uma troca. No primeiro caso, ambos ganham, enquanto no segundo é um jogo de “soma zero”, onde um ganha e outro perde. Agora podemos prosseguir.

O imperialismo nasceu de uma aliança entre o governo e grandes empresários. Como os segundos controlavam o primeiro, era muito simples fazer com que a conquista de terras e mercados além-mar deixassem de ser apenas um interesse de poucos, para se tornar interesse da nação inteira. Dessa forma, as potências da época passaram a mobilizar tropas, produzir armamentos e até mesmo inventar motivos de caráter civilizador para dominar países asiáticos, africanos e latinos. Vale ressaltar que essa grande operação não era apenas bancada com o capital dos empresários, mas também dos pagadores de impostos. Sem falar que, segundo o economista Milton Friedman, os ganhos obtidos pelo país explorador não compensavam os altos custos para dominar certa região. O lucro, portanto, era privado e o prejuízo coletivo.

O preço que os povos dominados pagaram já é do conhecimento de todos os leitores. Estes foram sim explorados, uma vez que não só eram obrigados a trabalhar como também eram constantemente tratados com violência pelos dominadores. Por mais que algumas potências da época fossem contra a escravidão, como é o caso do Reino Unido, suas razões estavam longe de ser em prol dos direitos humanos.

Em regiões como o continente africano, onde a opinião pública era irrelevante, escravizar ou forçar um indivíduo a trabalhar era muito mais fácil, principalmente quando as tropas do estado ajudavam na coerção. Com isso, era melhor acabar com o comércio de escravos para que estes pudessem ser usados como mão de obra em sua terra natal. Isso explica as ações contra navios negreiros por parte dos ingleses, no Atlântico.

Portanto, o livre mercado não tem nada a ver com o imperialismo. A planificação geral das relações internacionais, onde o estado e os grandes empresários vão a outros países para roubar riquezas e subjugar povos não é de longe compatível com a teoria de trocas voluntárias, defendida pelos liberais. O imperialismo não é um filhote do capitalismo, mas sim de um relacionamento entre o Rei e vários amigos. Tal relacionamento cria vários filhos, desde a Era das Grandes Navegações, que acabam por reduzir a liberdade espalhando miséria durante séculos.

Gostou? Leia também Revoluções e liberdade econômica: Cuba e Quando a dívida se torna maior que o Estado.

Mateus Maciel é estudante da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ. É membro fundador do Grupo Frédéric Bastiat (EPL-UERJ), e escreve todos as segundas para o site do Clube Farroupilha.

As informações, alegações e opiniões emitidas no site do Clube Farroupilha vinculam-se tão somente a seus autores.

Referências:

http://www.imil.org.br/artigos/artigos-dos-leitores/a-verdadeira-teoria-do-imperialismo/

História das Sociedades – Das Sociedades Modernas às Sociedades Atuais, de Rubim Santos Leão Aquino e outros. Imperial Novo Milênio (2003).

https://www.youtube.com/watch?v=XdZI72-ugC0

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