Nada mais característico no início de ano do que grandes filas em lojas e supermercados. Curiosamente, estes fenômenos ocorrem logo após uma alta temporada de grande consumo. Mas o que leva esses indivíduos a consumirem novamente em tão pouco tempo? E quais fatores afetam diretamente a mudança corrente dos preços?
No fenômeno da queda de preço do início de ano, podemos ver um dos últimos resquícios do capitalismo no Brasil. Segundo Mises, a principal característica do capitalismo moderno é a produção em escala de bens destinados ao consumo das massas. Neste sentido, é correto afirmar que a concorrência significa o ato ou efeito de concorrer, ou seja, traz em si a ideia de competição entre pessoas na busca do mesmo objetivo ou vantagem, em condições de igualdade. Podemos assim afirmar que a tendência das grandes empresas do setor terciário será aumentar o fluxo de capital, mesmo que para isso sacrifique uma parte do seu lucro, a fim de se manterem competitivas. E é exatamente este fator que ocorre quando há as sobras das mercadorias oriundas das épocas de festividades de fim de ano. O que lhes permite a “este sacrifício” do lucro, muitas vezes é o ganho líquido das últimas vendas.
Assim é possível afirmar que, de certa forma, os compradores de elevada preferência temporal, ou seja, os que compraram antes subsidiaram as vendas posteriores. Para entender melhor esse fenômeno, precisamos ter em mente que os acontecimentos sociais em grande escala tendem a fazer com que a preferência temporal das pessoas seja elevada: até mesmo os mais econômicos podem preferir o produto no período anterior às festividades – devido ao seu alto valor social. Porém, aqueles que se abstêm, fazem uma especulação de que terão os mesmos produtos, em datas posteriores, por um preço melhor.
Imagine que um determinado indivíduo deseje comprar panetones. Se esse indivíduo possuir uma preferência temporal alta, sua tendência será de ignorar este fator e mesmo assim adquirir o produto nas datas de maior demanda. Todavia, se esta pessoa possuir uma baixa preferência temporal, ela possuirá dois caminhos de ação: no primeiro, ela poderá especular que, devido à sazonalidade do produto, ele será esgotado rapidamente, e assim poderá optar por comprá-lo imediatamente apesar do preço. Em um segundo caminho, o indivíduo poderá intuir que existirá uma sobra após o período de festas, e poderá decidir por comprá-lo depois com um preço mais barato. Caso a última alternativa for escolhida, a sua compra será subsidiada por todas as pessoas que optaram pela primeira alternativa.
Outro fator que permite a existência de promoções e liquidações é a grande escala daqueles que as produzem: toda diminuição do lucro por unidade será compensada pelo contingente total vendido, uma vez que os preços diminuem em compras de larga escala.
Dessa forma, fica claro que a maior concorrência de supermercados, lojas e empreendimentos em geral tenderá a produzir uma queda nos preços, caso o mercado não seja cartelizado, visto que haverá um incentivo para que todos eles se desfaçam de seus estoques de produtos sazonais. A livre concorrência, além de ser a única forma eticamente defensável de alocar recursos, é também a forma que mais beneficia os indivíduos de classes mais baixas, uma vez que lhes dá acesso a produtos que geralmente não estariam a seu alcance.
Autores: Stêvão Limana e Eduardo Peixoto