É comum escutar nas aulas de História e Geografia os professores afirmando que as colônias de povoamento deram origem a países desenvolvidos, enquanto que as de exploração fizeram surgir nações subdesenvolvidas. Tal afirmativa é apenas a ponta do iceberg, uma vez que o que pode explicar essa diferença de desenvolvimento é a liberdade econômica vivenciada por cada uma dessas regiões.
Diferente das colônias de povoamento da América do Norte, as colônias latinas possuíam mais recursos que poderiam ser vendidos no mercado europeu. Os espanhóis encontram ouro e prata em grande quantidade nas suas colônias, ao passo que os portugueses conseguiram lucrar com a produção de açúcar e, posteriormente, com a extração do ouro. Com isso, para que a metrópole pudesse extrair o máximo possível de recursos desses territórios, era necessário controlar tudo (sociedade, política e a economia).
Impostos, fiscais, proibição de comércio, concessão de atividades econômicas a pouquíssimas empresas (criando monopólios) e proibição de criação de manufaturas acabaram por asfixiar o desenvolvimento dessas regiões. O crescente número de funcionários da coroa utilizados para fiscalizar as colônias fez com que a burocracia aumentasse, assim como a corrupção.
Segundo o livro História das Sociedades: “A máquina administrativa espanhola, embora conseguisse manter o império hispano-americano unido durante quase todo o Período Colonial, dele extraindo tesouros, proventos fiscais e riquezas fabulosas, era complexa e asfixiante. A política absolutista e mercantilista espanhola, prejudicial ao consumidor e ao produtor colonial, entravando as atividades econômicas, paralisadas pelos monopólios, taxas e impostos, estimulou espírito de autonomia da aristocracia criolla contra os chapetones”. Vale ressaltar que a máquina administrativa espanhola não era muito diferente da portuguesa. Tanto que os estragos causados por ambas são semelhantes.
Ingleses e franceses, entretanto, não tiveram tanta sorte em produzir artigos de alto valor no mercado internacional, muito menos de encontrar metais preciosos em grande quantidade. Portanto, para a sorte desses colonos, as metrópoles não interferiam muito na vida política e econômica de suas colônias. O caso inglês é ainda mais interessante, uma vez que as 13 Colônias desfrutavam de um ambiente de grande liberdade. É evidente que existiam leis de controle de bases mercantilistas, mas a Inglaterra estava mais preocupa em resolver problemas internos e com outras nações europeias, como a França.
Nesse artigo mostro como era a vida dos colonos ingleses na América do Norte, antes da Inglaterra iniciar as intervenções na região para cobrir os déficits causados por inúmeras guerras. A construção naval prosperava, estimulada pela produção agrícola e pelo conhecido Comércio Triangular e as chances de enriquecer eram muito grandes. Por esse motivo, vários europeus, fugidos do domínio de suas coroas, tentavam vida nova nas 13 Colônias.
Quando a Inglaterra começou a aumentar os impostos e baixar leis que reduziam a liberdade dos colonos americanos, estes acabaram por se rebelar e proclamar a independência. Fato curioso é que, após a independência, os recém-nascidos Estados Unidos possuíam uma carga tributária maior que a de quando era colônia, sem falar no surto inflacionário causado, durante a guerra de independência, pela impressão de dinheiro. Dessa forma, alguns colonos, fiéis a coroa britânica e a sua liberdade, se mudaram para o atual Canadá.
Portanto, países que antes eram colônias americanas “esquecidas” por suas metrópoles acabaram por dar origem a países desenvolvidos, como Canadá e Estados Unidos. Já países que recebiam atenção especial de suas metrópoles, como Brasil, Peru, México, deram origem a nações subdesenvolvidas. Vale ressaltar que a cultura do estado inchado, com seus impostos abusivos e restrições ao empreendedorismo, prevaleceu no último grupo, enquanto no outro não. Esta é apenas mais uma prova histórica de que, quanto menos o estado intervém na economia e na vida dos indivíduos, mais o país prospera.
Mateus Maciel é estudante da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ. É membro fundador do Grupo Frédéric Bastiat (EPL-UERJ), e escreve todos as segundas para o site do Clube Farroupilha.
As informações, alegações e opiniões emitidas no site do Clube Farroupilha vinculam-se tão somente a seus autores.
Referências:
http://clubefarroupilha.com/2014/03/24/revolucoes-e-liberdade-economica-13-colonias/
História das Sociedades – Das Sociedades Modernas às Sociedades Atuais, de Rubim Santos Leão Aquino e outros. Imperial Novo Milênio (2003).