A incapacidade e amadorismo dos candidatos surpreendem. Considerando que pelo menos 4 deles tem uma larga carreira política nas costas, esperava-se um pouco mais de suas propostas do que apenas malabarismos com o português para falar muito, sem dizer nada.
Nenhum deles conseguiu demonstrar se as suas propostas são viáveis ou não, nem sequer fazer um planejamento financeiro de quanto cada uma delas elevaria o gasto público municipal ou como seriam feitas as reformas que se propõem.
O candidato Fabiano Pereira, o que mais se distancia da realidade em suas propostas para saúde, fala em elevar de 16 para 40 unidades de atendimento e em criar o terceiro turno nos postos de saúde. O que falta, APENAS, é dizer de onde sairá esse dinheiro e quanto a mais isso custará mensalmente a cidade, uma vez que atualmente faltam médicos até nos turnos que já existem. Quem sabe primeiro corrige-se um problema para depois pensar em como criar outro?
O candidato petista Valdeci Oliveira esquece todo e qualquer bom-senso e vai longe no seu devaneio, afirmando que pretende construir 4 mil casas populares, além de terminar a construção de creches e fazer melhorias em postos de saúde. O que ele não leva em consideração, é que não só a construção de 4 mil casas populares depende de recursos da União – que agora está nas mãos de um partido com o qual o próprio Valdeci se recusava a conversar em gestões passadas – como vai na contramão de qualquer lógica arquitetônica de centros urbanos: a verticalização. Candidato, em um terreno onde põe-se uma casa, constrói-se para cima 6 apartamentos. Mas claro, vender esse sonho irreal fica muito mais bonito utilizando jargões do Baú da Felicidade do Sílvio Santos.
O candidato do PSDB, Jorge Pozzobom, também mantém-se aparte da realidade. Entre as suas propostas para a segurança pública está a construção de uma “cerca eletrônica” na cidade, que visa coibir o roubo de carros e o seu translado a outros municípios, proposta essa que o candidato copiou da cidade de Canoas. Primeiro, o roubo de carros não é nem de longe um problema para a cidade de Santa Maria, que tem que conviver atualmente com níveis de homicídios próximos a de zonas de guerra.
Segundo, pelo levantamento da Secretária de Segurança Pública, em 2015 houve 30 roubos de carro em Santa Maria, dos quais, mais de 80% voltaram para os seus donos. Em 2016, foram 11 roubos de carro e TODOS eles voltaram aos seus donos. Talvez antes de fazer alguma proposta, falte diálogo com quem está no dia a dia da segurança municipal, como o Delegado Sandro Meinerz que afirmou em matéria ao G1:
“O criminoso daqui não leva o veículo para desmanchar, o veículo é levado para ser utilizado em alguma coisa. O máximo que acontece com os automóveis, por exemplo, é a retirada de pneus e de peças, de forma muito específica. No mais, os veículos ou são abandonados pelos criminosos, ou utilizados na prática de outros crimes e acabam depois sendo apreendidos em ações”.
Ou seja, ao contrário do que diz o candidato, os carros roubados sequer saem de Santa Maria. Qual a sua proposta real para segurança? Para os homicídios? Qual a explicação para a família do taxista assassinado no dia de hoje enquanto trabalhava? Serão cercas eletrônicas que impedirão os crimes de acontecer ou um aumento da fiscalização e policiamento ostensivo? Os 15 milhões que o Senhor alega que gastaria nessa proposta poderiam ser muito bem investidos em horas extras e compra de melhores equipamentos para a guarda municipal, por exemplo.
O Candidato Bisogno, tal como os três supracitados, não apresentou nenhuma proposta real sobre o seus planos para a cidade. Para uma gestão pública de resultado, como ele se propõe a fazer, é inadmissível que em suas propostas não tenha um planejamento de como será usado o dinheiro arrecadado de impostos e, mesmo admitindo um corte de R$ 100 milhões para o próximo ano, promete pagar o Piso Nacional, contratar professores e investir mais.
Esse é o pecado de todos os candidatos em Santa Maria. As propostas para melhorar o ambiente de negócios na cidade, que reduzam a burocracia e incentivem o empreendedorismo, são rasas. O envolvimento dos políticos com a comunidade santa-mariense é pouca ou inexistente. A simples redução de secretarias, que atualmente somam 21, é mais do que necessária. Muitas dessas secretarias atualmente são como um cabide de empregos a cabos eleitorais que ajudaram o prefeito a se eleger. Há 5 secretarias que tratam sobre o desenvolvimento da cidade, que poderiam ser reduzias a apenas uma, reunindo recursos ao invés de dividindo.
Somos uma cidade média, com mentalidade de interior e gastos públicos de uma capital. Os políticos prometem demais e complicam a nossa vida, está na hora de simplesmente pararem de atrapalhar.
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9 Comments
Everton Leite
Caro Sr. Fabrício Sanfelice, não entendi a omissão dos outros candidatos a prefeitura em sua matéria. Lamentavelmente matérias como essa ferem a democracia, fazendo com que os leitores de sua matéria, acreditem que somente os citados são os preferidos. Repense, pois há candidatos melhores e com mais capacidades políticas e morais , do que os citados na matéria.
O Brasil está sendo surrupiado por pessoas que manipulam a democracia.
Fabrício Sanfelice
Everton, fiz a crítica por partes. Esses dai são os candidatos em maior evidência na corrida eleitoral em Santa Maria, por isso foram destaque.
Nos próximos dias sairá um texto falando dos outros 4 que faltam.
Bruno Pergher
Fabrício, entendo a preocupação do Everton.
Seria adequado se as considerações a respeito dos demais candidatos fossem acrescentadas a esta mesma matéria, visto que se estiverem separadas gera certo desentendimento e sensação de parcialidade.
Até porque as propostas dos demais são mais ou igualmente inviáveis em comparação a estas.
Obrigado
Fabrício Sanfelice
Entendo o ponto de vocês, mas para mim não faz o mínimo sentido, ainda mais que são candidatos sem nada de expressão e com ideias piores ainda. O que me propus a fazer era sobre esses candidatos, a turma do Psol e PSTU em geral não precisa sequer comentar, porque é uma bizarrice em cima de outra sobre as suas propostas.
Mas, como eu disse, irá sair outro texto falando das propostas deles. Nenhum deles ficará sem crítica ou comentário, pode apostar.
José Alberto
Acho que o comentarista também não conhece bem a realidade. Tomemos como exemplo a proposta do Fabiano Pereira: o comentarista ignora que, para cada equipe criada na Estratégia de Saúde da Família, vem recurso obrigatório do Governo Federal. Basta a prefeitura fazer o projeto correto das comunidades com maior vulnerabilidade. A proposta é viável, concreta e não custa quase nada para o município, sem contar na economia que gera ao evitar internações.
Fabrício Sanfelice
Acho que irreal é se apegar a recursos que sequer são certos. Estamos em uma época de crise e com cortes em todas as áreas, achar que Santa Maria será prioritariamente lembrada nesse sentido é amadorismo sim. O fato do recurso ser obrigatório e vinculado não garante a sua disponibilidade. Temos que trabalhar com o que se pode fazer de concreto, não com achismos do tipo. E, sinceramente, o que se pode fazer no momento atual é muito pouco sem que a prefeitura se proponha a cortar da própria carne.
Pedro Lucas
Fabricio, questionar que são casas e não apartamentos, escrevendo TRANSLADO, inclusive Fabricio, traNslado leva corpo, mortos e acredito que não seja essa a idéia do candidato e sim o TRASLADO. O candidato que fala em 3º turno disse sim de onde viria esse dinheiro nos últimos dias de sua campanha.
Concordo quando diz que somos uma cidade média, com mentalidade de interior e gastos públicos de uma capital e que não estamos bem amparados de candidatos, porém, complemento dizendo que não são só os gastos públicos que são de uma capital, as pessoas tem poder aquisitivo de “pessoas de capital”, a maioria das pessoas da nossa cidade recebem salários como pessoas que “vivem na capital” logo, Fabricio, tenho certeza que se não se utilizasse uma certa quantia para investir, pessoas como você e sua familia que fazem parte deste grupo estariam revoltados da mesma forma.
Texto raso para uma página tão influente quanto essa e comentário para complementar de alguns colegas acima.
Uma página como a do Clube Farroupilha deveria ter mais embasamento e menos palavras jogadas.
Fabrício Sanfelice
Boa tarde, Pedro. Sobre as palavras translado e traslado, gostaria de ressaltar que ambas estão corretas e têm significados que cabem ao contexto, porém ainda a palavra traslado pode ser utilizada para descrever uma transcrição de texto, enquanto translado é apenas para a ação de mudar algo de lugar.
Sobre a tua afirmação de que ” a maioria das pessoas da nossa cidade recebem salários como pessoas que vivem na capital”, creio que ou tu não és de Santa Maria e desconhece a realidade da nossa cidade, ou se equivocou por desconhecer os dados sócio-econômicos e demográficos da região. Temos, obviamente, uma boa parcela da cidade que tem salários elevados principalmente devido ao funcionalismo público, mas, então te trago alguns dados, um pouco brutos, mas que demonstram o quanto tu estás errado:
– O PIB per capta de Santa Maria conforme o último levantamento do IBGE (2013) é de aproximadamente 20 mil reais
– 9 mil reais abaixo da média de todo o Estado do Rio Grande do Sul (uma vergonha se considerar que Santa Maria é uma das maiores cidades)
– 6 mil abaixo da média do Brasil.
– 19 mil reais abaixo da capital do RS, Porto Alegre.
Então, temos que andar muito ainda para ter um poder aquisitivo de uma capital.
Ademais, se não quiseres te basear em dados estatísticos, lembre-se que ao entorno de Santa Maria temos um complexo de residências populares em que a maior parte da sua população (conforme dados demográficos do IBGE) são de trabalhadores do comércio e prestadores de serviço, ou seja, baixa renda. Outra boa parte da população é de estudantes.
A realidade fática não precisa nem de dados quando salta aos olhos.
como montar um projeto de Pesquisa
Saudações! Conselhos muitо úteis neste particular
post ! É о muda pouco isso faz о maior mudançаs.
Obrigado ρor compartilhar!