A aparição de Paulo Guedes na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) foi um show de horrores. A oposição conseguiu dominar a sessão, questionaram Guedes sobre questões que não deveriam ser discutidas na CCJ, enquanto membros do PSL assistiam passivos. A sessão terminou quando o ministro se irritou após ter sido provocado pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que o acusou de ser “tigrão” com os as classes mais vulneráveis, mas “Tchutchuca” com privilegiados do Brasil.
Se, por um lado, o ministro conseguiu expor a importância e a urgência de uma reforma na Previdência, por outro, ficou clara a total falta de preparo da base governista. Paulo Guedes teve que defender sozinho a reforma proposta pelo governo Bolsonaro. Apesar de ter caído em algumas provocações e ter usado ironia em algumas respostas, houve quem defendesse sua postura devido ao baixo nível de debate conduzido pela oposição.
Contudo, o temperamento irascível de Paulo Guedes juntamente com a má vontade do presidente em negociar pode virar uma combinação explosiva. Tanto o mercado quanto outros deputados da base acreditam que o bate-boca da CCJ dificultou a angariação de votos para aprovar a Reforma da Previdência. Mesmo o Presidente da Câmara, em quem Guedes tem um aliado, avaliou o impacto da sessão como negativo pois teria passado a impressão que a comissão é contra a proposta.
O caso de Guedes se assemelha muito ao de um de seus antecessores no cargo: Joaquim Levy. Levy havia sido escolhido por Dilma ainda em 2014 para conduzir uma política de austeridade, mas como estava isolado sem qualquer apoio do PT caiu 11 meses depois. Isto sem ter conseguido concluir a maioria de suas propostas durante o período. Porém, Levy tinha uma vantagem que falta ao Guedes: sabia fazer política, sempre engajava no corpo a corpo com outros deputados, e era extremamente sereno.
Desde a campanha presidencial, Paulo Guedes atuava como uma espécie de fiador da candidatura de Bolsonaro frente ao mercado financeiro e empresários. Embora sua postura liberal não tenha sido o que conquistou a grande massa de seu eleitorado – como evangélicos e conservadores, ele serviu como garantia de que o mandato não seria uma “nova era Dilma”. Isto é, de que apesar de seu histórico corporativista e sistematicamente contra reformas, Bolsonaro optaria por uma agenda liberalizante e fiscalmente responsável.
Na prática, no entanto, o próprio presidente não tem feito esforços em direção da aprovação da reforma que viabilizará o restante de seu mandato. Ainda, defendeu interesses setoriais ao defender a volta da tarifa de importação do leite e parece se manter nessa direção, o subsidio nas tarifas de energia elétrica para o setor agrícola devem ser retomados em breve.
Se Guedes continuar isolado e sem qualquer apoio do partido do presidente, todos perderão qualquer boa expectativa em relação ao Governo. Corremos então um sério risco de vermos a história da relação de Joaquim Levy e Dilma se repetir, mas dessa vez como uma farsa.
Autor: Deborah Bizarria – Mentorship Associate no Students For Liberty Brasil (SFLB), Associada Livres e Estudante de Economia na UFPE.
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