O controle de preços ainda é uma prática que assombra inúmeros países. Por muitos anos ela foi adotado no Brasil e causou estragos que ainda são lembrados pela população. Portanto, neste texto, tenho como objetivo mostrar, utilizando o Plano Cruzado como exemplo, que o controle de preços é inviável e que a mão invisível do mercado é a única que pode “controlar” os preços em geral.

Um resumo do plano

Durante a ditadura militar, os gastos públicos cresceram de forma incrível. A criação de estatais, aumento do setor público e obras públicas faraônicas, sustentados pela emissão desenfreada de moeda e empréstimos internacionais, acabaram por fazer a inflação disparar durante a década de 1980.

Essa herança maldita herdada dos militares explodiu de fato durante o governo Sarney (1985-1989). Para resolver a questão da inflação, um grupo de economistas heterodoxos da USP (de onde mais poderiam ser?!) foi chamado. Com isso, a moeda deixou de ser o Cruzeiro e passou a ser o Cruzado, os preços foram congelados e o cambio foi fixado. Também foram criados os Fiscais do Sarney, que iriam fiscalizar se os estabelecimentos comerciais estavam seguindo a tabela de preços montada pelo governo.

O plano fluiu bem por alguns meses, mas vários produtos começaram a sumir das prateleiras. Isso ocorreu porque, como o sistema de preços foi controlado, muitos produtores não estavam tendo mais lucro vendendo seus produtos, o que os desestimulou a produzir os mesmos. Com isso, o governo teve que passar a importar os produtos que estavam em falta, mas como este tinha que disponibilizar esses produtos segundo os preços tabelados, o estado (leia-se a população) tinha prejuízo na operação. O resultado disso foi uma grande queima de dinheiro público para tentar manter os produtos nas prateleiras.

Mercados paralelos começaram a surgir, com preços maiores que o da tabela e estabelecimentos comerciais que não seguiam os preços do governo eram fechados pelos Fiscais do Sarney. No fim, os preços foram descongelados, após as eleições para governador de 1987, em que o PMDB (então partido de José Sarney) teve vitória esmagadora nas urnas, devido ao relativo sucesso do plano econômico implantado. A inflação, por sua vez, voltou a subir e só foi controlada com a implantação do Plano Real.

Por que o controle de preços não funciona?

As experiências de planejamento central em que as canetas de burocratas tentaram dizer qual é o melhor preço de um determinado produto quase sempre não alcançaram os efeitos desejados. O preço é um dos fatores mais importantes no processo decisório do produtor, uma vez que quanto este nota que o preço de um determinado produto está subindo, terá incentivo para produzi-lo.

O controle de preços simplesmente acaba com essa informação vital e a sociedade paga o custo das boas intenções do estado, uma vez que, se o produtor não possui incentivo para produzir, começará a demitir pessoal. Os consumidores ficarão sem produtos e a receita do governo oriunda de impostos será reduzida.

Em Economia é possível visualizar o efeito desastroso dessa política através de um gráfico do tipo preço X demanda que mostra as curvas de oferta e demanda. Note que existe um preço de equilíbrio “tabelado” pela mão invisível do mercado e neste ponto a quantidade demandada é igual a quantidade ofertada. Entretanto, quando o governo estipula um preço máximo (ou congela o mesmo), ocorre um descompasso entre a quantidade demanda e ofertada. Note que, após o controle de preços, a quantidade ofertada se torna menor que a demandada. Com isso, ocorre o que os economistas chamam de excesso de demanda, ou simplesmente escassez.

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Conclusão

Portanto, é possível demonstrar matemática e historicamente que o controle de preços causa profundos danos a população, uma vez que empregos são destruídos, consumidores ficam sem produtos básicos (como papel higiênico) e empresários não têm mais estímulos para produzir produtos melhores a preços mais baixos.

É muito comum ver várias pessoas defendendo o controle de preços, creio que, após leitura desse texto, elas mudarão de ideia.

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Mateus Maciel é estudante da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ. É membro fundador do Grupo Frédéric Bastiat (EPL-UERJ), e escreve todos as segundas para o site do Clube Farroupilha.

As informações, alegações e opiniões emitidas no site do Clube Farroupilha vinculam-se tão somente a seus autores.

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