*Por Marco Antonio Jacobsen
Como de costume, sempre acompanho notícias da nossa economia, política e meu glorioso Sport Club Internacional, principalmente através dos jornais impressos. Acredito que esse veículo de comunicação carrega um peso enorme dentro do contexto de formação do nosso país e não foi e nem será facilmente substituído. Mas o que me levou a escrever essa singela opinião foi uma notícia que me chamou muito a atenção, de “Plano Safra irá liberar R$ 156,1 bilhões”. Antes que pensem que sou um agropecuarista, saibam que não sou! Apesar de ser do Planalto Central do nosso Rio Grande, terra de muita lida, minha experiência campeira se limita a algumas montarias e um tombo traumatizante.
Porém, essa noticia me despertou interesse, pois conheço muitos amigos que fazem da terra seu sustento e sua paixão, que com ela geram empregos, renda e distribuem a riqueza através do trabalho digno. Sempre vi os agricultores como homens e mulheres extremamente batalhadores, pois para empreender no campo, não se enfrenta somente o mercado, se enfrenta o transporte, a mão-de-obra, as pragas e, certamente o mais difícil, o clima. Ser produtor com certeza não é fácil. Vencendo todas essas “peleias”, o produtor brasileiro tem se mostrado um dos melhores do mundo. Nossas taxas de exportação se sustentam basicamente pelas super safras que temos, sem citar o peso que essas commodities tem na balança comercial.
Mas o que Plano Safra tem a ver com tudo isso? Eu afirmo que tem tudo a ver, e acredito que, de forma negativa, a utilização de crédito terceirizado pelo produtor não é uma prática insustentável, de forma alguma! O problema está na ação de subsidiar e facilitar o crédito, pois o subsídio, seja por mais nobre que se acredite o motivo de se instituí-lo, inevitavelmente resultará em uma menor evolução produtiva. Essa afirmação pode se apresentar incoerente, pois o plano prevê crédito farto para investimentos em aplicações de maquinário, armazenagem, irrigação, práticas sustentáveis e inclusive a própria inovação tecnológica no campo.
Visto sem um olhar atento, essa política aparenta ser um impulso à nossa produção, mas na verdade esse tipo de ação do Estado tem seu preço, muito maior que o econômico. Com o ímpeto de auxiliar os bravos homens do campo, o governo na verdade acaba por desresponsabilizar e condicionar a lógica do desenvolvimento e do mercado à sua intervenção.
Ao ver a ação do Estado, me recorda muito o pensamento de um economista: Joseph Schumpeter, que criou um conceito chamado de “destruição criativa”, uma tese que descreve o processo de inovação em uma economia de mercado em que novos produtos e novas empresas “destroem” empresas velhas e antigos modelos de negócios. Mas, então, como desenvolveremos novos produtos, novas tecnologias, novos meios de produção, desenvolvimento de novas formas de gestão, novas práticas sustentáveis, novos meios de logísticas, enfim!, tudo que diz respeito a aumento de resultados, se não é permitido aos produtores a chance de mostrar a sua coragem, inteligência e audácia empresarial?
Infelizmente, temos uma “mão” estatal para cercar a competitividade, diminuir a inovação espontânea e necessária, e criando dependentes de suas políticas. Essas ações que, a grosso modo, parecem boas atitudes dos governantes, na realidade não passam de “migalhas”. Ao governo é simples subsidiar os juros e injetar o crédito, pois logo adiante ele novamente volta a recuperar esse “favor” com sua atual política fiscal e comercial; ou pior, “planta” mais moeda e inflação. Na realidade, com esse tipo de atitude o governo visa mostrar seu lado perverso e tirano mandando uma mensagem: “eu dou apoio, e se eu sair não tem mais apoio”. O único motivo dessas políticas é o de buscar resultado nas urnas para assegurar e perpetuar o poder, o que parece surtir efeito, já que se repetem sempre próximas há anos eleitorais.
Para realmente termos uma agricultura cada vez mais forte e mais pujante, o papel dos nossos líderes políticos deve estar em focar na diminuição da carga tributária, que hoje em dia se encontra praticamente em sociedade com os empreendedores rurais, facilitação das importações de insumos e maquinas, o governo visa proteger a indústria nacional com certas politicas protecionistas, mas na realidade a perversidade desta ação resulta em malefícios e estagnação tecnológica para ambos os setores e fomentação de soluções privadas para a logística que hoje é um dos principais “gargalos” das lucratividade do setor primário Brasileiro. Com esse tipo de visão acredito que não haverá nação no mundo que esteja em condições de desbancar o nosso título de “Celeiro do Mundo”.
Marco Antonio Jacobsen
Acadêmico de Administração – Antonio Meneghetti Faculdade
Acadêmico de Geografia – UFSM