A política brasileira é um mar de podridão.

Atônitos, todos nós assistimos aos jornais todos os dias estarrecidos com a capacidade da nossa classe política de passar por cima de todas as vontades populares: cito, como exemplo, a recente tentativa de aprovar uma lei com objetivo de barrar a Operação Lava Jato. As conhecidas figuras políticas, alocadas no poder e em conluio com inúmeros presidentes, permanecem, perenes, mesmo com denúncias e provas, protegidas por meios absurdos como o foro privilegiado. Entretanto, dentre todas as mazelas da política brasileira, uma me espanta grandiosamente: a capacidade do eleitor de continuamente errar, repetindo decisões equivocadas todas as vezes que vai a urna. Não cito somente a reeleição dos mesmos políticos poderosos de sempre, o que por si só já é um escárnio, mas também a crença rotineira em líderes messiânicos que podem nos salvar.

Em Portugal, após Dom Sebastião falecer em uma batalha contra os mouros no ano de 1578, criou-se o mito sebastianista, no qual os portugueses acreditavam que o rei não havia falecido, esperando o momento perfeito para retornar e salvar os portugueses da União Ibérica e da dominação da família real espanhola. Por mais absurdo que pareça esta crença, ela se mostra tão crível quanto a esperança depositada em políticos, justamente porque aparentemente os indivíduos acreditam em personificações ilibadas e ilumindas para nos resgatar das chagas. Casos como esse parecem patéticos, não??? Então por que são tão comuns no cotidiano brasileiro???

O brasileiro deposita muita esperança em salvadores da pátria.

Acreditamos facilmente em “heróis” como se centrasse em um grupo de políticos a solução dos nossos problemas e mazelas. Repassamos responsabilidades para uma figura que adota tons messiânicos e um discurso sensacionalista, sempre ao encontro do que o povo deseja, mesmo que tal seja inviável ou absurdo. Estes líderes encenam cenas patéticas, como quando Jânio Quadros sentava-se nas calçadas para comer sanduíche de mortadela e mostrar a todos seu viés popular, ou quando o ex-presidente e quiçá futuro presidiário Lula da Silva sujou suas mãos de petróleo para provar que éramos auto-suficientes e que éramos independentes do poderio yankee (???????).

São duas as situações presenciadas no Terceiro Milênio que se mostram evidência real das nossas práticas políticas: em 2002, o Partidos dos Trabalhadores (que não trabalham) se tornou a real esperança de milhões de trabalhadores que estavam cansados das políticas opressoras dos coronéis políticos brasileiros, sendo que um antigo torneiro mecânico, um trabalhador comum, não um doutor de fala difícil, agora guiaria o povo brasileiro rumo à erradicação da fome e da pobreza. Quem não lembra da campanha “Xô Corrupção, uma campanha do PT e do povo brasileiro” que pregava a limpeza do serviço público corrupto: pois bem, sabemos exatamente no que resultou o governo desses guias populares… Agora, em 2016, surge o “Mito”, Jair Bolsonaro, que nas palavras dos seus seguidores é o único disposto a enfrentar a ira dos esquerdistas e capaz de acabar com a doutrinação que presenciamos nas faculdades e colégios. Quanto a isto, eu pergunto: substituir um estatista por outro pode até resultar em um Estado diferente, mas não resultará mesmo assim em um Estado poderoso, gigante e sedento por mais poder?

Nesses casos, não importa se este é de direita ou esquerda, o fato é que no imaginário popular esses guias, legítimos pastores de ovelhas (ou de asnos?), serão nossos líderes rumo a um futuro melhor (???). Não à toa os políticos se regojizam e se deleitam com o poder, afinal, os seus eleitores são quem lhe conferem a legitimidade para tal. Os indivíduos desejam alguém com brio, que erga o tom de sua voz contra os imperialistas malditos, contra os poderosos, contra os “marajás”: a cada ciclo político que vivemos, percebe-se na população uma crença de que naquele momento as coisas deslancharão, o conhecido “agora vai”. No fim, tal crença é somente uma tola esperança estúpida que não resulta em nada, justamente porque nos esqueçemos do básico: NUNCA SERÃO POLÍTICOS QUE GERARÃO DESENVOLVIMENTO PARA A NOSSA SOCIEDADE. Este papel cabe somente a nós, os indivíduos, e não à parasitas que procuram se manter no poder.

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