Entre 1860 e 1932 a Suécia adotava o liberalismo (e até 1950 ele houve um início de supressão, mas sem grandes mudanças), tendo o maior crescimento econômico do mundo entre 1870 e 1950, além de não participar de nenhuma guerra desde 1809, podendo acumular capital suficiente nesse período para chegar ao posto de sexta maior economia do mundo. Contudo, com a ascensão dos Sociais-Democratas ao poder na década de 30 do século XX, inicia-se um processo de supressão do liberalismo, implantação e expansão do Estado de Bem Estar Social (Welfare State), que foi intensificado entre 1950 e 1975.

Em 1976 o partido de centro-direita chegou ao poder, mas foi só em 1986 que se iniciaram as reformas de Livre Mercado. Devido aos necessários ajustes, a economia sueca entrou em recessão no começo dos anos 1990. O desemprego ficou acima de 10% dos trabalhadores e o déficit fiscal acima de 10% do PIB. A Suécia continuou com suas reformas liberais e iniciou seu processo de recuperação graças a elas, com privatizações, desregulamentações, cortes de impostos e meta inflacionária de 2% ao ano.

Em certo momento a alíquota do imposto de renda chegou a 102% e a arrecadação em relação ao PIB ultrapassou 50%. Hoje, por exemplo, o imposto para pessoa jurídica chega ao teto de 24,9%, enquanto no Brasil temos 27,5% para pessoa física. Os impostos em relação ao PIB caíram para 45% e tendem a cair mais.

Aonde se chegou a ter cinco anos de seguro desemprego, hoje são 500 dias e há alguma burocracia para consegui-lo. Obviamente o ideal é a ausência de seguro-desemprego, para que o profissional seja obrigado a cuidar da própria vida financeira e ter um planejamento para o caso de ficar desempregado, além de buscar que essa situação acabe o mais rápido possível.

Ainda há um grande Estado de Bem Estar Social? Com certeza. Porém, a Suécia dá passos importantes ao avançar na liberdade econômica, de modo que hoje ocupa a 20ª posição do Índice de Liberdade Econômica da Fundação Heritage. O corte de algumas bolsas e a diminuição do Welfare State desde 1986 é o que mantém a Suécia, por enquanto.

Isso porque o liberalismo gerou a riqueza e a social democracia, pretendendo distribuí-la, esqueceu-se de que é preciso que a geração de riqueza continue e tal distribuição ocorre naturalmente dentro do ambiente de Livre Mercado, através da concorrência entre as empresas pela mão de obra, pois como há livre concorrência, a tendência é que haja mais empresas e vagas de trabalho que mão de obra disponível. A especialização do trabalho também é exigida devido à necessidade das empresas de baixarem custos e preços e aumentarem a qualidade de produtos e serviços, resultando em salários maiores. Mesmo o indivíduo mais pobre e menos experiente e/ou qualificado, pode oferecer sua mão de obra por um preço inferior ao de mercado, obtendo experiência e qualificação através desta, valorizando sua mão de obra futura. Ou pode também empreender livremente e criar as próprias oportunidades.

O liberalismo fez o bolo crescer e a social democracia o distribuiu até que sobrassem apenas migalhas, após isso, se viu obrigada a retornar ao liberalismo para que o bolo cresça novamente. Se a Suécia ficar nesse ciclo, então, passará por mais crises (evitáveis) como a do começo dos anos 90 do século XX e precisará toda vez retomar o liberalismo, para que no longo prazo as questões se resolvam, causando danos ao povo sueco. Os sociais-democratas suecos retiraram os incentivos para que o cidadão trabalhe. Esperavam com isso manter a geração de riqueza e o Welfare State?

E para quem acha que os serviços públicos suecos são aquela maravilha e que funcionam bem graças ao Welfare State, convido-os a verificar o Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (IRBES). Entre os 30 países com maior carga tributária sobre o PIB, a Suécia ocupa a 24ª posição, enquanto a Dinamarca, outro país com Welfare State extenso, ocupa a 29ª. Ora, então os países com os maiores Estados de Bem Estar Social ocupam posições ruins (até a penúltima) no Índice de Retorno de Bem Estar a Sociedade? Sim. Ocupam. (Noruega é 20ª). Inclusive com a Dinamarca caindo de 28ª para 29ª entre 2012 e 2013. Mas deixarei para falar desse país em artigo futuro.

Se hoje os suecos desfrutam de certa qualidade de vida é apesar do Welfare State e não por causa dele.

Roberto Lacerda Barricelli é jornalista

(Algumas) Fontes:

IRBES (Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade) 2013 –https://www.ibpt.org.br/img/uploads/novelty/estudo/787/ESTUDOFINALSOBRECARGATRIBUTARIAPIBXIDHIRBESMARCO2013.pdf

Mises Brasilhttp://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1824

Veja –http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/economia/o-mito-sueco/

Instituto Ordem Livre –http://ordemlivre.org/posts/as-licoes-do-modelo-sueco

Mises Brasil –http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=113

Index of Economic Freedom – http://www.heritage.org/index/ranking

Mises Brasil –http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=632&comments=true

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